Viagem

Olho para o relógio, aguardo sem grande novidade o comboio indiferente ao que me rodeia, não conheço o destino, nem sei como fui ali parar ou porque razão o impulso me leva a subir naquele comboio...ele chega a horas, entro sem grande expectativa, curiosamente tenho um bilhete comigo de ida sem destino prévio, sem definição ou rota, mesmo assim segurando o bilhete desconhecido reservo-o e guardo-o como se de um tesouro se tratasse. Sento-me num banco confortavelmente amistoso e vislumbro a imagem da viagem que inicia, do frenesim miudinho sem perceber cada sensação...deixo-me guiar pela locomotiva que arranca a todo o vapor passando por terras estranhas, férteis, encantáveis. Esboçando em mim um sorriso e de olhos fechados sinto o perfume de locais desconhecidos e belos, cada paisagem desenhada lá fora invade pela janela do meu imaginário, reflecte a emoção que sinto quando vejo, capto, vivo cada momento daquela linda, maravilhosa e deliciosa viagem que nem me apercebi ter iniciado...

Onde vou? Onde fui? não sei, que importa isso agora. Gostei deste banco macio e familiar, desta locomotiva movida a emoção perfumada...

Sandra Simões