terça-feira, 13 de abril de 2010

POEMA DA DESPEDIDA

Não saberei nunca dizer adeus
Afinal,
só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor, neste tempo, seja ainda cedo
Não é este sossego que eu queria, este exílio de tudo, esta solidão de todos
Agora não resta de mim o que seja meu e quando tento o magro invento de um sonho todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim, escrevo.

Texto de Mia Couto

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