terça-feira, 8 de janeiro de 2013

As (nossas) vielas

Gosto quando visito paragens alheias e sem me aperceber, estou a (re)descobrir as próprias vielas, vejo janelas redecoradas, uma pintura nova ali e acolá, e continuo a caminhar e a olhar em redor, pasma com a (re)descoberta. Este encontro comigo mesma nem sempre surge na altura em que assim o grito, surge mais quando menos espero, quando me dou ao outro, deixo de me centrar nos meandros dos meus pensamentos que é um labirinto autêntico, no qual na maior parte me perco e depois tenho de pedir SOS, e me entrego à escuta do que preocupa e inquieta outrem, aí surge uma espécie de estalada e nessa troca fabulosa em que consigo ver um brilho no olhar mais perdido, escuto outra a (minha) voz  que me empurra a ver as tais vielas de mim, com janelas renovadas, cortinas diferentes das que escolheria anos atrás, com paredes e até dizeres gravados nas mesmas, cujas cores teriam tido outra escolha. Vejo então que é tão importante olhar de dentro para fora. As vielas, essas existem em cada um de nós, e ainda bem que por vezes surgem portas novas, retocadas, janelas mudadas e com cortinas ou estores diferentes do que pensámos ser sempre o nosso gosto, o que interessa é que reconheçamos a mudança numa essência que persiste e nos caracteriza, apesar de tudo, e nos permite continuar a gostar de lá voltar, as vezes que forem necessárias, nem que seja para uma breve visita de lazer.

1 comentário:

Anónimo disse...

;)
As tuas analogias são deslumbrates...faz-me viajar nos sonhos!!
Beijinhos
Patricia Galego