Encanta-me o discurso sobre o dia de escola fabuloso (tem de se ver ao vivo, porque não
consigo espelhar a expressão certa) o revirar dos olhos quando fala duma colega
que lhe rouba o suposto namorado de 5 minutos, que depois se arrepende e a
deixa pendurada, no amiguinho cor de café com leite que a faz rir, das amigas
que de 3 em 3 minutos o deixam de ser, e hoje, aprendi uma nova, o contragosto
que a rapariga tem sobre o pequeno almoço de matemática, não há forma de lhe
ganhar sabor, nem com chocolate pelo meio.
A princesa
tem uns olhos grandes que espelham força e alegria, adornada por uns belíssimos
caracóis que detesta, tem um sorriso maroto, mas genuíno, e acolhe uma
esperteza fabulosa, apanha o essencial numa perspicácia de envergonhar muito
doutor de algibeira que por aí anda. Aquando percebe que são assuntos de
adultos, espera sempre o melhor momento para me espetar a questão mais cabeluda
e que lhe faz comixão. É discreta q.b, o que para uma criatura de 8 anos ávida
de saber, é bestial. Nem sempre nos damos bem, somos visitadas diariamente por
outras Sandras e Catarinas, hoje tivemos cá por casa a jantar connosco, a
Sandra rabugenta e a Catarina teimosa, lá nos vamos dando, mas há sempre uma
fricção ou outra que nos faz revirar olhares para lados opostos, e respirar,
respirar fundo, para dar sustento à paciência. Depois despedimo-nos das
visitantes aborrecidas e continuamos com o nosso ritual habitual, lavar dentes,
vestir pijama, ler uma história e sonhar...ela, que eu é mais logo.
Tem uma forma
engraçada de levar a vida, é prática, mas para lá de teimosa, é difícil
respeitar o tempo dela que anda ao contrário do meu, digo 5 minutos disto e ela
percebe 10 minutos, depois há toda uma batalha de emoções que nos criam as
chamadas tempestades domésticas, para no segundo seguinte sermos invadidas pelo
mais belo arco-íris. É meiga, mimosa, dá beijos gordos que aquecem os corações
mais gelados, e tem uma gargalhada contagiante. Resumidamente, é assim a
princesa do meu reinado alucinado.
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