sábado, 26 de janeiro de 2013

Quando eu for grande



Gosto de olhar para nós, de fora, escutar as nossas conversas de raparigas enquanto jantamos, é como se fossemos as duas melhores amigas (quando não sou a bruxa que lhe arruina o sorriso), partilhando segredos que os adultos não percebem, e não interessa saberem. Gosto de escutar o encanto do sonho de vida, os projectos que já faz. E fico, a saber, que vai ser hospedeira para viajar imenso, conhecer locais e povos, falar muitas línguas, mal terá tempo para estar no mesmo sítio e cuidar da mãe que em breve ficará velhota (caquéctica, para ser mais específica), terá um namorado lindo de morrer, super apaixonado por ela, mas que não viverá na casa dela, pois ela viajará aos montes por aí e arredores...’olha, desculpa lá interromper-te, mas...não queres viver com ele?’...’sim, mas vou ter a minha casa, ele depois vai lá dormir’...pausa...respiro, levanto a tremelicar o sobrolho...eu juro, que não lhe meti estas coisas na cabeça, que lhe dou vitaminas, fruta, legumes, cereais, água, muita água, que o álcool fica para mais tarde...’ah, mas então quando tiveres esse namorado, trabalhares nos aviões, não vais querer viver com ele?’...’ainda não é já, eu depois vejo, vou é ter a minha casa, e o tempo é para andar por aqui e ali, ser hospedeira, sabes?’...pausa...será que me distraí, e viu alguma série?, um filme?, bolas, ando há uma eternidade a reclamar que a televisão parece só ter um canal, com o maldito do urso branco e pintas pretas cuja música toc-toc, faz-me saltar as órbitas, e ela sai-se com um ‘não tenho tempo para o namorado, que terei uma vida para viver e encantar-me por aí’ (porque foi ao que soou)...damn, ela é boa! Pus-me a pensar, quantas mulheres não dariam para ter tido esta conversa com este pedaço de gente, de cabelos mal domesticados, antes de aceitarem o primeiro café. Quase que senti pena do meu futuro pseudo genro-namorado da espevitada que aqui mora!

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Sandra...amiga da Rita ;)
Eu sou a vizinha de baixo da Rita...
Gosto mt de te "ler"...sinto o que sentes...aliás, quem já não sentiu algo parecido?
Acho lindo exprimires o que sentes sem medos...fantastico...dás de ti ;)
Os textos acerca da tua filha são deliciosos...parece a minha sobrinha de 6 anos :)
Já partilhei 2 dos teus textos na minha pagina do face ;)

Beijinhos

Sandra Simões disse...

Obrigada, vizinha da Rita :)
E muito bem vinda :)
Tão bom sentir que há identificação e algum deleite, no que vou para aqui escrevinhando.

Haveremos de nos conhecer (em breve). E folgo em saber que os textos vão sendo partilhados ehehe
Beijocas.