É difícil calçar os sapatos de outrem

Tem dias, momentos, minutos, segundos, em que somos testados, colocados à prova sobre a nossa resistência, só para ver se estamos atentos. É difícil calçar os sapatos de outrem, mas quando o fazemos em demasia e não nos é devolvido apreço, pelo contrário, é-nos entregue trocados de ofensa e escusas sem sentido, vemos que ainda conseguimos superar a barreira da paciência, a minha é elástica, estica, estica, não se parte, mas está esfarelada, laça, sem cor, no meu íntimo, a desejar que se quebre de vez. Questiono-me várias vezes se compensa ao meu mundo este entendimento da vida que já não me cabe, se faz algum sentido compreender, dizer que sim, quando escuto vários nãos cá por casa e depois escuto pérolas que me fazem parar um pouco, primeiro para respirar de modo a não ter uma coisa má na artéria esquerda, segundo porque o cérebro precisa de oxigénio para poder responder sem ser demasiado bruta, ou como me disseram, ofensiva, e terceiro para poder perceber que o meu sim de há uns tempos a esta parte é dado adquirido, sem qualquer tipo de questão, é um sim e pronto, é algo que faz parte do meu currículo, está lá, faz parte. Não, não e não, não tenho de dizer sempre que sim, não tenho de compreender porra alguma, não tenho de viver uma vida que não é a minha, que já não me faz parte, não me cabe nem nos bolsos nem na algibeira da emoção. Tenho feito tudo de modo a que todos saiam bem, todos menos eu. Quem é que calça os meus sapatos? quem é que vive as minhas decisões além princesa deste meu reinado? Repito-me, escuto os mesmos argumentos, as mesmas barbaridades, e para quê? Se eu não mudar, terei as mesmas respostas, e os gestos como actos garantidos. Para ver os outros crescerem, tenho antes de incrementar esse bálsamo na minha pele, pelo que mantendo firme os votos do início deste ano, continuarei a ser a minha prioridade, e começarei a dizer uns quantos nãos, umas verdades que se me ocupam a garganta, queimam a língua e ocupam espaço no pensamento. Porque acredito no que uma amiga minha diz frequentemente, a vida encarrega-se!
2 comentários:
Uau ;)))
Está tudo dito e não deixaste nada por dizer!
Beijo
Patricia Galego ;) aquela do outro lado da linha!
Gosto disto!!
É assim mesmo!
Mantém essa garra!
Enviar um comentário