Há alturas, ao longo destes 6 anos, que sinto um saldo negativo e que a escolha foi burra, mas só se aprende experimentando. Desde essas semanitas a esta parte, tenho pensado, questionado, e não há meio de me habituar a esta sociedade de cagões, desculpem lá a expressão, onde um se acha sempre melhor do que o outro, e tudo faz para se exibir mais do que o outro, e olhar para o que o outro faz ou tem, irra que detesto, não me habituo a isto, nem quero. Tem alturas em que me apetece pegar em mim e ir, para um lugar que sei existir, onde a condição humana fala mais alto que números apresentados, pois havendo humanidade consegue-se produzir-se estável e feliz, consegue-se dar em 20 ou 30 horas mais do que se consegue aqui em 40 ou 45 horas, porque uma palmada nas costas ou um reforço positivo, leva a fazer muito mais do que um reprimenda destrutiva, tão usual entre uma nossa cultura que se acha orgulhosa quando grita viva Portugal e age de forma contrária em tantas situações, num abrandar o carro por exemplo perto de uma passadeira, num respeitar a vez e a palavra no outro, num simples ligar o pisca e informar o desgraçado que vai atrás para onde vai virar, num dar a mão a um idoso ou simplesmente escutá-lo quando ele repete vinte mil vezes a mesma coisa, e tantos mais exemplos, que ficaria aqui horas. Claro que temos coisas boas, o mar, as praias, a fauna, a flora, a gastronomia, uma paisagem verde infelizmente cada vez mais chamuscada devido, lá está, aos interesses de uma massa corrupta que me anda a cansar a ilusão de que um dia faremos realmente parte do que tantas vezes apregoámos inchados lá para fora, parte de uma união Europeia, que de união tem muito pouco. Não, ando desanimada, farta de acreditar que isto com tempo vai ao lugar, e no meio disto tudo o tempo passa, não vivo, sobrevivo, porque afinal de contas, mal dá para pagar as contas e nem dá para rever os amigos cuja falta tanto senti, nem visitar os locais mais lindos deste rectângulo que me viu nascer, nem o facto de ela estar a crescer perto da família me consola, porque também não a consigo visitar e porque de família sobram muito poucos elementos, as oportunidades criam-se e neste momento mal dá para pagar livros de ensino básico, que alguma entidade sobrenatural me ajude quando vier o 5º ano, e tudo isto para quê? a vida existe para ser vivida com alegria e retirar lições sejam elas boas ou más, mas não para definhar entre migalhas e falta de educação. Sim, este despedimento abrupto, tem-me feito pensar, muito até, fez-me voltar a puxar a cortina da janela e olhar lá para fora novamente. Assusta mudar? assusta, nem sei se o consigo. Raios, ainda agora mudei de casa, mudei-a de escola, já a fiz passar por tantas mudanças em busca de uma estabilidade, e quando acho que mesmo a contar tostões (que nem deveria assim o ser) vai entrar calmaria, sinto novamente a porta escancarada e a ventania a entrar e fazer levantar um novo remoinho na minha vida.
Tenho pensado imenso em bater com a porta a este falso patriotismo, a este falso interesse em evoluir, tenho, e ir para onde sei que o importante não é ter um carro maior ou melhor, ou o Iphone mais recente e evoluído, ou o LCD com a imagem mais afinada possível, ou o bilhete para a passagem de moda mais frenética ou o camandro, não, o mais importante é poder sentir-me livre e feliz numa sociedade de respeito e valor pelo próximo, e sei que ela existe, já tive um privilégio de viver entre algumas. Resta saber se consigo decidir dentro de mim, bater com a porta de uma vez e sentir que a outra se abre de braços acolhedores e de sorrisos estáveis.
2 comentários:
Força
:)
Will see...para já, em pesquisa, coisa que não fiz quando fui para a Alemanha.
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