quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Posso dizer asneiras?




Posso dizer asneiras?
Mas c'um  caralho, será que esta merda de me tentar testar os limites não tem fim à vista?
Foda-se, está a ser um ano mórbido, é uma atrás de outra, c'um caralho...

Eh pá, podia estar aqui a destilar lágrimas e venenos, maldizer tudo e todos, mas adianta alguma coisa? claro que sim, alivia, digo asneiras, estrebucho, resmungo, choro, questiono tudo, mas e depois? depois menina, há que reagir.

Podia dizer, depois de seguido de um valente caralho, foda-se para toda a gente, cabrões, filhos de uma puta mal parida, que não são dois mas sim seis anos de uma vida a mostrar-me que afinal até sou rija, até tenho garra, até tenho sangue de guerreiro a passear-se pelas veias, mas estes últimos dois aninhos, bem catitas por sinal, têm-me feito questionar o regresso a terras lusas, algo que quando estava lá pelas bandas mais a Este me fazia bater por dentro, as saudades do sol, de escutar uma língua conhecida, poder entrar numa livraria e ler os livros que quisesse sem espinhas e trazê-los para casa, simples, simples, poder ir ao encontro dos amigos numa simples esplanada, e olha que lá fora tive o privilégio de ver umas quantas bem bonitas, mas sem a companhia de quem me faz sorrir e crescer, foi das coisas que mais me custaram, sim, sou saudosista para caralho, e senti imenso a falta dos amigos, da mana caçula, da mãe e do pai, mas acima de tudo, o de poder cozinhar para os meus gaijos lindos do coração, estilo tertúlia e nem dar pelas horas passarem. O que pesou o regresso, tanta coisa, sei que volvidos seis anos, é estúpido olhar para lá, estou aqui e no agora, e num beco sem saída, em que só me resta um caminho, seguir em frente e engolir as minhas escolhas, aprender mais sobre elas e tentar perceber onde me podem levar, o que me podem ensinar, o que eu posso fazer ainda mais. Tenho aprendido que o medo me devora, e das duas uma ou aprendo a batê-lo ou sou sem qualquer piedade comida à dentada por ele. Não me adiantou ter medo do mercado de trabalho alemão, preferi ir fazendo com calma, estupidez, mas com ele aprendi que por mais medo que tenha, vou em frente, não interessa se resulta ou não, dá experiência, qualquer situação que se me depare diante deve ser abraçada, mas acima de tudo deve ser vista e escutada com a voz que nos grita por dentro, aos poucos começo a escutá-la. Continuarei a cometer erros, e embrenhada neles até aos cabelos, encontro motivos para sorrir. Tem sido um ano para lá de difícil, continuo a caminhar num fio de arame sem saber se tenho rede lá por baixo ou não, e não sei bem se vou continuar este equilíbrio e chegar até ao outro lado sã e salva, não sei, resta-me desejar que sim, que ainda quero fazer um porradão de merdas. Começou mal, e espero que termine bem num oposto indo ao encontro do que mais desejo, que neste momento passa mais por um querer ter tranquilidade, sentir chão firme, sentir que consigo controlar parte do que vou fazendo e conseguir sentir mais orgulho em mim. Depois há este meu lado romântico, tão acalentadamente criticado, que não desiste de acreditar que o amor vence tudo, porque sim, acredito que vivendo com amor tudo se torna menos pesado, mais colorido. Claro que há imensas formas de amar, não quero ser de todo injusta por quem me tem amor, os meus amigos são-me uma força tremenda, a família um pilar, olhar para a criatura de palmo e meio e escutar dela um 'amo-te mãe' é delicioso, e só quem o escuta desta forma percebe as voltas que se dão cá por dentro. Mas confesso, num ano tão difícil como me tem sido (atenção que no meio do mau, tenho tido coisas boas, há que estar sempre grata, e eu sou-o), saber-me-ia bem saber-te do meu lado, saber até que existes de verdade, e que ao acordar vejo um sorriso desmedido e oiço um amo-te lânguido do sentimento mais puro e prazeroso que recordo, não falo meramente do sexo que se faz, dos beijos molhados, das loucuras num espaço qualquer, haja imaginação, mas sim de um sentir-te apenas, aqui do meu lado, ajudando a sentir aquilo que lá no fundo eu já sei, venha o que vier, eu resisto, só que a imagem de te ter ao meu lado, faz-me ter mais alento, só isso. Quero lá saber se é estúpido desejar algo deste género, quantas pessoas já não me disseram que bem que se está livre, poder comer este ou aquele, não aturar mau feitio, arrumar merdas alheias, e eu acho que não se deixa de ser livre nem de se sentir bem estando ao lado de alguém que nos aumenta a cumplicidade, que nos ajuda a dar e nos permite receber. Claro que se deve saborear cada momento, e neste estou a atravessar um dos piores anos da minha vida e gostava de o atravessar de mãos dadas, só isso, ok, não é assim, já sei, aceito, mas posso desejar que fosse diferente? e qual é o problema de ter medo de voltar a entregar-me e ser novamente vista só pelo lado de fora, claro que aborrece, chateia, dói por vezes, mas lá no fundo sei que irei continuar a desejar um dia em que falarei de ti de verdade. Acima de tudo que encontre a estabilidade que tanto anseio, que me sinta viva todos os dias, que deixe de ter medo, que insista mais nos meus objectivos, que cresça, que nunca me arrependa de nada, mesmo quando sei que o caminho não é aquele, e que continue a ser a mulher lutadora que aprendi a reconhecer ao espelho, que sorri, gargalha, diz coisas parvas todos os dias, mas vê gargalhadas nos olhos dos outros, que aquece um coração só de sorrir e que tira da sua boca para dar ao outro...e sim, com uma pitada de ingenuidade que tão bem me caracteriza...e depois?!!

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