Os amores de hoje

Vejo muitas relações ditas de almas gémeas terminarem do pé para a mão, do nada, sem alerta, sem pré-aviso. Questiono se era realmente amor aquilo que andaram a sentir durante o tempo juntos. Enganamos-nos assim tanto ultimamente? o que nos faz olhar para uma pessoa, confundir o que se agita por dentro, achar que é amor e depois, caso surja alguma dificuldade (porque irão surgir sempre), acaba-se assim num...'já não quero mais brincar a isto'. Falta de tolerância? falta de paciência? falta de sinceridade? falta de confiança? Mas afinal o que é que falta? Não é num par de meses que vemos se uma relação resulta ou não, não sei a fórmula senão o meu coração estava cheio e bem mimado, não é o caso. Gosto de acreditar que ainda existe de verdade um amor daqueles que nos faz crescer, que nos faz ser melhor, que nos permite Ser enquanto pessoas e nos permite dar o nosso melhor, mesmo quando temos dias não e acabamos por dar o nosso pior (que normalmente acontece com quem mais gostamos). Quero acreditar e sei que existe. Tenho alguns (poucos) casais de amigos que são o meu exemplo top, não estão sempre a sorrir um para o outro, não estão sempre felizes e contentes, nem tão pouco numa troca constante de mel e açúcar, mas a cumplicidade que vieram a construir até a esta parte, faz deles um casal único, com o bom e com o mau. E para isso é necessário, além tesão e paixão, carinho, compreensão, liberdade, amizade, confiança, escuta, silêncios respeitados, cedências parte a parte e tudo isto dá lugar ao que se chama de amor. Isto não se consegue em meia dúzia de meses, leva tempo, mas tem de se querer lá estar, de corpo e alma. É um compromisso que se vive dia após dia sem saber onde e quando começa ou termina. O bestial da coisa é ir vivendo, aceitar pequenos nadas e agradecer acordar ao lado de alguém que não precisa de ser como nós, nem igual a nós, mas que nos compreende mesmo quando não apetece compreender-nos! Gosto deste tipo de relações que se vão construindo sem se aperceberem do trajecto. E continuo a acreditar que cada um de nós pode vivenciar assim um amor, mas para tal há que sentir por dentro um querer, por vezes, abandonar-se no outro, poder encontrar-se também, e perceber que afinal, se tornou um ser ainda melhor! Acho que ultimamente se desiste fácil de um sentir a dois.
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