Por vezes é necessário desligar, calar o barulho de fora e escutar a música interior. É o que tenho feito. Cheguei a uma altura deste meu percurso em que consigo apreciar a minha beleza, o estar comigo, deliciar-me com a minha companhia, dar valor ao que trago aqui por dentro, cuidar mais de mim, do que quero e valorizar o que já tenho, o que consegui conquistar em mim. Não falo de uma casa, de um carro, de umas férias no local mais paradisíaco, simplesmente o que consegui conquistar em mim (é muito). Este apreço pelo que sou como Ser, esta minha vontade férrea em fazer a diferença no meu mundo. Conquistei-me, penso que seja isto de forma mais resumida. Não busco no outro a minha paz, esta encontro-a comigo, mesmo nos meus momentos de tortura, de desespero, de dor. Sei que é um caminho a continuar (assim me seja permitido). Consigo sentir-me bem no meu silêncio, no quintal que vive em mim. Depois, claro que para isto existir desta forma, tenho os amigos, a família de sangue, a filha que me ensina todos os dias a ser melhor do que fui ontem, e acima de tudo, este encontro com a minha pessoa, este gostar desta rapariga pequena que se descobre grande por dentro. Este enamoramento vagaroso, este encanto pelo simples, mesmo quando complico tudo o que me rodeia, este valor em que finalmente acredito, e esta força que desponta em dias cinzentos, faz com que seja isto, o valer a pena de estar viva, e poder recomeçar todos os dias, fazer mais, melhor e nunca deixar de sonhar, de conquistar, mesmo quando perco, de me levantar quando me estatelo no chão, mesmo quando o coração se constipa e tem de ser tratado com o bálsamo do respeito e carinho que vive em mim. E assim aos poucos este encanto que se me renasce, não vem de fora, não vem de alguém, vem de mim, simples assim!
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