Uma semana depois...

Faz uma semana que regressei do hospital. Trago um misto de sensações. No espaço de um semana tanta coisa aconteceu. As dores suportam-se  e sei que o meu corpo adapta-se ao vazio que o meu útero deixou. Não é fácil assimilar uma histeroctomia, mas o que melhor guardo disto tudo é que estou a seguir em frente (viva). Acordar de uma anestesia e agradecer por reconhecer cores, voltar a escutar as vozes que fazem o meu mundo valer a pena, saborear aos poucos o poder continuar, é algo que mantenho bem presente todos os dias. Saí do hospital cambalida, dorida, com as emoções numa salganhada, um lado meu sorria o outro chorava, e a mente apenas me dizia, estás viva, vais fazer ainda mais, tanto, acredita e o coração magoado porque parte de mim ficara ali apodrecido e nada disto deveria ser assim. Regressar a casa e receber a triste notícia que um  grande amigo não resistira à luta desbravada contra uma toxoplasmose foi um murro no estômago, o meu menino cheio de vida e alegria, com tanto chão (achávamos nós) por pisar de um momento para o outro foi apanhado de surpresa, todos nós o fomos, e deixou-nos, partiu e permanece um vazio grande, questões, indignação e acima de tudo um olhar a cru para o essencial. Uma semana se passou desde a operação e tanto já aconteceu. Desejo fechar, completar este ano de 2014 com a sensação de que um capítulo se conclui e outros mais se abrirão. Que os sonhos e desejos se renovarão e que irei correr ainda mais por alcançá-los. Aprender a redesenhar a estrada. Continuar a agradecer a sorte que tenho em ter as pessoas que conheço no meu caminho, Agradecer até mesmo os momentos de dor, mágoa, ardor. E confiar que a vida mostrar-me-á os planos que ainda reserva para mim, desejando que me traga um pouco mais de serenidade, alegria e a possibilidade de fazer a diferença, no meu mundo.