terça-feira, 30 de junho de 2015

Ir a caminho de mim


É normal haver alturas na nossa vida em que nos questionamos. Damos por nós a rever ideias do passado, até mesmo fazer uma viagem até à adolescência, lembrar quais eram os sonhos de então e se os realizámos. Não vale a pena abraçar frustração, vale antes continuar a sonhar, buscar novos objectivos e correr atrás deles. A minha vida já deu muitas voltas, e confesso que ainda não consegui chegar àquela fase de tranquilidade, serenidade alcançada porque atingi o tal objectivo mor, acho sinceramente que não chegarei lá porque pelo caminho irei criar outros tantos, porque a vida é mesmo assim, um caminhar até nós. No meio de tantas voltas, viajei para longe, conheci outras culturas, algumas tão mais simples do que a nossa sociedade. Travei uma luta hercúlea com o alemão e quase a venci, não tivesse de sair de lá antes do tempo (o que seriam ainda precisos alguns anos), desbravei o medo do estranho, do desconhecido. Cresci, muito. Realizei o sonho de ser mãe, desconhecendo contudo o trabalho diário que essa tarefa implica. Haja amor e carinho para guiar dias e noites de muito cansaço. Ainda hoje estou em processo de construção como mãe. Aprendo todos os dias com ela, e muitas das vezes aquela mãe que achava que ia ser quando ela fizesse parte dos meus dias, nem existe. Travei várias lutas, o da integração em cada país em que vivi, com as línguas que requeriam tempo, e levei muito tempo a perceber que foi basicamente uma viagem até mim, até ao meu centro. Travei guerrilha com a desilusão, conheci uma mulher forte, e muitos dos sonhos e projectos continuaram adiados pelo fruto da sobrevivência. Hoje a vida não está mais fácil, mas a mulher que há em mim permite-se parar, parar mesmo para pensar. Dei comigo a fazer aquilo que algumas vezes consegui fazer a outros. Sinto cada vez mais a necessidade de me conhecer melhor ainda, mas desta vez sem necessidade de abraçar uma nova língua, uma nova cultura e sociedade. A necessidade de perceber se aquilo que o meu coração me tem ditado há quase quinze anos é mesmo o meu caminho. Se devo insistir e lutar mais ou se devo parar e criar outro trajecto. Na minha cabeceira vivem vários livros, um deles neste momento é este e lá dentro estava um texto de uma pessoa que comecei a admirar pela garra que tem. Fui cuscar o blog/site dela e deparei-me com algo que me é familiar, mas muito mais fácil de fazer aos outros do que a nós mesmo. No entanto muito necessário. E como acredito que nada é por acaso, um dos títulos de um post chamou-me à atenção e dei comigo a responder aquelas questões, que outrora coloquei a outros. Vale a pena perceber um pouco melhor o que queremos, o que nos motiva, o que estamos a fazer para o alcançar e o que precisamos de fazer mais ainda para o encontrar.
Ontem ao final do dia, com a casa em silêncio respondi serenamente uma a uma das questões ali colocadas e o meu sorriso iluminava-se, se calhar outras mais houvessem, mas foram as suficientes para perceber que nestes anos todos, o apoio a dificuldades de aprendizagem, a psicologia de desenvolvimento, o querer muito ajudar a família, me acompanhou, fosse em alemão, holandês ou francês, sempre esteve lá esta vontade em fazer mais. Tive muitas curvas de percurso. Montanhas que me afastaram, mas o interesse, o estudo, a investigação, a pesquisa sempre fizeram parte dos meus dias. Claro que tenho outros gostos, entre eles a cozinha. Adoro cozinhar, sou fã de culinária, canais, revistas e livros sobre a temática. Adoro fazer refeições e mimar quem me rodeia. Mas sei que é no desenvolvimento do ser humano que me realizo. E por isso, quando espreitam dúvidas, recordo estas pequenas e sucintas questões e arregaço as mangas. Sei que vou continuar a trilhar e desbravar caminho, mas é para  lá que vou.



Sem comentários: