sábado, 4 de janeiro de 2014

Trouxe uma rapariga para casa


10 dias sem ti. 10 dias passaram a voar e eu fui buscar uma menina rapariguinha, com um sorriso largo e olho brilhante que ao descer da escada rolante, se me atracou ao pescoço ficando ali colada minutos longos. Mas não é no salto de altura e ligeireza no andar que noto a diferença, é no teu pensar, na construção da ideia e na articulação do falar. O gesticular que acompanha a palavra. O riso no momento da piada falada. O riso, o sorriso [novamente o brilho] e um crescer desmedido que me fazem sentir uma saudade enorme dos momentos em que balbuciavas maman num francês tão teu. Saudades dos primeiros dentes a descoberto nesse teu rosto redondo e tão lindo, do primeiro caracol que despontou surpreendentemente na cabeça, daqueles dedinhos espetados a vislumbrar o mundo cada vez que passeávamos pelas ruas. O sorriso [sempre essa vontade de viver], do teu aninhar em mim, cabendo num abraço só, e da paz do teu sono (vá, essa ainda mantens). Estás a crescer rápido, e eu ando uma saudosa de ti. A minha menina de cabelos encaracolados, gargalhada feliz e também mau feitio diga-se, está a ficar rapariga. Noto. Vejo, e um lado meu sorri, agradece, sente-se a criatura mais abençoada do planeta e arredores. O outro meu lado, o da mãe que se acha pouco galinha, queria-a com sei lá, 9/10 meses, naquele misto de descoberta onde sabia que a protegia de tudo, até das constipações. Mas o mundo gira, e é assim mesmo. Continua a descoberta, o deslumbramento, mas as conversas de bacios e afins foram substituídas, pelo sabor do primeiro beijo e do sonho do que se pode ser um dia, lá ao fundo, quando se crescer. Não tenhas pressa, vai devagar. Eu não tenho pressa, não posso ter pressa, porque daqui a um nada as saudades vão ser sobre o falar do primeiro beijo e do que é que se queria ser quando lá bem longe, se crescesse.

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