domingo, 27 de julho de 2014

Quando um filho nos desilude, o que fazer?


Quando um filho nos desilude, o que fazer? não podemos ficar calados a vida inteira, não podemos manter-nos fechados o tempo inteiro, porém, neste momento é o que me ocorre, o que me apetece. Um peso sustém o meu coração. Falo, explico, grito e acabo por me transformar, e de nada serve. As atitudes estão cada vez piores. Um egoísmo fruto de imaturidade veste-se-lhe diariamente. Volto a falar, volto a amar, a transmitir calor e de volta mais desilusão, novas atitudes, feias, que em nada correspondem ao que lhe tento transmitir  todos os dias, desde que a acolhi em mim. O que fazer? é a questão que me acompanha nos últimos tempos. Não adianta o queixume, nem reclamar o meu lado vitimizado de tantas horas, dias, meses e anos de tanto afinco, amor, carinho e dedicação para isto. Aliás, ainda agora começou, o que me é assustador, e não sei se tenho muito mais forças para enfrentar o que me espera daqui em diante, a continuar neste seu processo de rebelia e má criação. Há limites, e já os extrapolou em demasia. Fez algo que nunca fizera, faltou ao respeito a outra pessoa, nas minhas barbas, debaixo dos meus olhos, sem se importar com as consequências, que as começou a sentir logo desde o primeiro gesto, e isto para quê? porquê? Protegi-a demasiado, é à conclusão a que chego. Acabou. Terminou a minha recarga de paciência e compreensão por tudo o que tem vivido ou não. Lamento a ausência do pai na vida dela, dói-me mais do que alguém possa imaginar, mas termina aqui a revolta dela sobre isto tudo em mim. Não posso nem vou admitir mais este tipo de atitudes, de uma menina que anda baralhada e não abre o coração, e que não quer perceber aquilo que lhe é explicado e transmitido dia após o outro. Não lhe falta nada, o mais essencial é-lhe dado, há amor nesta casa, sempre houve, e sempre haverá, mas as faltas dela serão colmatadas de forma dorida para todos, porque o que se passou gritou-me um alarme e um vislumbrar de dias futuros em pleno inferno, tudo fruto de ciumeira que me anda a desgastar. Para ela a mãe não pode ser feliz, tem de olhar somente para ela. Sim, é uma menina, mas que já começa a ter idade para compreender determinadas coisas, e essas são básicas e elementares, até uma criança mais nova conseguiria entender se não fosse tão casmurra quanto aquela que habita o mesmo espaço que eu. Cansada, exausta de lutar, de lhe mostrar o caminho, apontar direcções e depois ser-me devolvido azedume, exigências e mais grave, má criação. Em forma de desabafo, para ver se encontro um fio condutor que me leve a algum bom porto, escrevo para ver se encontro o norte e o sul desta relação que se verifica difícil desde muito cedo.  Gostar de um filho é fácil, difícil é educá-lo todos os dias, mostrar-lhe o certo e o errado, dar-lhe colo e disciplina, dar-lhe amor e regras, dar-lhe a conhecer lugares dentro e fora de nós mesmos, isso sim é um caminho árduo. Gostar de um filho, muitas vezes passa por lhe dizer não, mostrar-lhe que errou, ensinar a pedir desculpa e a reconhecer um erro, e mais, saber corrigi-lo com novas e positivas atitudes. Gosto muito de ti princesa, amo-te sem dimensão, mas não vou admitir mais. E hoje, estou demasiado triste, demasiado cansada, a sentir-me a falhar naquilo que mais preso, a minha maternidade.

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