domingo, 2 de novembro de 2014

É uma fase


Andei o dia inteiro ocupada. De propósito. Por vezes a mente abria a porta do medo que me assola o corpo por dentro e trazia de lá, as dúvidas, os receios, o pânico,e de mansinho uma voz corajosa fechava essa mesma porta, sussurrando ao meu ouvido 'vai correr tudo bem. É só uma fase.' O dia correu, o imaginar como irá correr o dia desta semana que celebra o início da minha vida como mãe e o dela como filha, o comprar o presente, planear as iguarias, o prato que ela mais adora, o bolo que não quer levar para a escola, as cores que vou colocar na mesa dela, o sorriso que quero voltar a ver  mais dez, mais vinte, mais trinta anos (pode ser?), mas sem freio a mente de soslaio teima em atordoar com os medos. Medo, simples assim, de não dar conta disto, de não dar conta do recado, de me sentir sozinha em tanto e precisar de mim, eu, de mim. É uma fase, não vai ser sempre assim, digo baixinho enquanto trato das lides domésticas, dos sonhos que me dão força em continuar, em acreditar. Revejo dez anos da vida que já vivi e há muito que quero que seja diferente, quero tempo, para ela, para nós as duas, para continuar a crescer (com ela). Amanhã um dia duro (sei-o), com uma data (espero) e que seja um recomeçar, mesmo que magoe, que assuste, que desespere, que seja a diferença que despoletará a mudança que tanto necessito para seguir caminho, apreciando mais o que tenho, o que sou, o que conquistei, o que abracei, o que faço, o que amo, o que dou, o que recebo.

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