Pensando novamente sobre esta sociedade*

Vivemos tempos estranhos. Atabalhoamos o essencial com preparos de algo para um futuro que nem sabemos se se irá cumprir. Vejo a minha criatura pequena em aflição porque o que lhe tem sido exigido de forma tão pressionada, talvez não vá de encontro ao que era pretendido. E eu questiono-me afinal, o que é pretendido para a sociedade futura. Um bando de gente stressada com resultados, máquinas fazedoras do que os vários ministérios vão decidindo à medida que vão sendo preenchidos por pessoas ditas pensantes, que um dia ditam uma regra e noutro a substituem por outra, que pensam em matérias, mas não se questionam se efectivamente todas as crianças e futuros adultos estão preparados emocionalmente. Preferem apostar no resultado, na produtividade e nem se olha a meios. Quanto a mim, não creio que seja o caminho, falta a inteligência emocional a um porradão de gente grande que por aí anda a lamber exemplos de outros locais sem sequer se questionar se faz algum sentido tudo isto, a pressão, o azedume, o levar até ao limite seres que ainda não estão totalmente preparados. Uma coisa é ir responsabilizando à medida de cada idade e etapa da vida, e ter em atenção a forma como o pede, explica ou exige, outra bem diferente, quanto a mim, é tabelar e catalogar uma experiência e ver se resulta, sem ponderar os efeitos secundários do que estas medidas podem causar. Questiono-me sim, se há questões no ar, como será o impacto nas vidas destas crianças daqui a uns tempos, como serão estes futuros adultos, um seguimento da robótica a que nos temos vindo a acostumar? e onde ficam as emoções, o lidar com as mesmas? Estamos assim tão prementes de preparar seres para que aceitem serem meros números de uma estatística de um teste algures desenhado por alguém que achou que todos, mas mesmo todos, estariam preparados naquela precisa idade, a fazer exactamente as mesmas coisas? E onde fica espaço para a imaginação? para a emoção? para o pensar e questionar, colocar em causa, o ser diferente?...
*ver um filho de 9 anos aflito e em pânico, porque pode ter má nota num teste, fruto de advertências da professora diante da turma, acabada de entregar a ficha de avaliação, leva-me a questionar onde fica o filtro de pessoas que lidam com a formação não só cognitiva mas bem mais urgente, a emocional destas crianças, sabendo de antemão que são 'desabafos' destes que levam muita gente a desistir antes de sequer, tentar.
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