domingo, 14 de setembro de 2014

Dias cansados


Quando desespero, vens tu e lembras-me quem é aqui a criança, quem precisa do amparo e do colo. Quando choro por dentro, em busca de soluções, vens tu e forças o raciocínio e o pulsar mais brando para que a resolução surja mais ligeira e presente. A ti, meu anjo, que me escolheste para que possa aprender muito mais, agradeço e também te peço desculpa, porque sei que passo aos teus ombros frágeis um peso que deve ser somente meu. Acredito que os pais devam saber dizer não, com peso e medida, que se explique em casa os prós e os contras, que se fale, abertamente descendo ao grau de maturidade de quem vive por perto e absorve tal esponja, todo o exemplo que se transmite, mesmo o mau, aquele que passa rasteiro e o adulto nem se apercebe, no entanto cá por casa, as preocupações inerentes ao dia a dia, acabam por serem faladas bem alto, num tom que pesa, mói e agride quem não tem culpa de viver numa sociedade egoísta, consumista e desprovida de conteúdo, não vou nem quero generalizar, mas fica-me tão difícil incutir, passar, transmitir valores quando vivemos em comunidade, cai no ridículo de se achar que se consegue combater esta loucura atroz de uma corrida ao consumir, comprar, usar e deitar fora e seguir para o próximo produto. Custa muito mais, depois de ter convivido em sociedades que primam o ser e não o ter, valorizam o emprestar e partilhar e não  rodear-se em volta do próprio umbigo. E em dias em que questiono tudo, as escolhas (minhas), o rumo, o caminho, o chão (que teimo em pisar), vens tu com esse sorriso lindo e de braços abertos dar-me a força que necessito para continuar em diante, buscando terreno mais firme, dentro de mim, só para continuar a ver esse sorrir a brilhar.

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