Quando escuto a voz deste Dave, o som quente que lhe sai em cada estrofe, cada acorde, cada conjugação de sentimentos espelhados numa letra de música, emerge em mim uma calma que invade o meu corpo. Inevitavelmente penso em ti, temos isto em comum, o gosto por isto, pela música, pelo espectáculo, pela emoção de nos deixarmos ir apenas ao som da melodia enlaçada nas palavras que vão ao encontro do que se possa estar a sentir naquele momento. A música é a linguagem do que sentimos e não conseguimos expressar, verbalizar. Eu tenho maior facilidade em dizer o que sinto. Tu não. Não faz mal, grande parte também não consegue. Não se entende. Não se escuta. Baralha-se imenso e depois mete pés pelas mãos e embrulha tudo em papel confuso. O encontro entre pessoas serve para isso, nada deve ser ao acaso, dizem, e esbarramo-nos na vida de outrem para acrescentar (sempre) algo. Ainda não sei muito bem, o porquê deste cruzar do meu caminho com o teu, no que resulta ou resultou, mas uma coisa te garanto, trouxe muitos sorrisos, serenidade, carinho, uma palete de cores, um querer continuar a ser bem melhor do que sou, e a dar-me mais. Aprendi que o medo congela, e que nos impede de experimentar, ousar, tentar. Foi isto que me trouxeste, o desbravar a barreira do medo de tentar. Não me é fácil esta tua ausência, este teu silêncio, este quase adeus da minha vida, mas continuo a guardar-te em mim, com o mesmo carinho, amor e amizade que foste ganhando com o tempo e com o gesto. Continuo a querer saber como foi o teu dia, como estás, o que tens feito, o que tens conquistado. Continuo a querer o melhor para ti, para o teu caminho, desejando ainda poder fazer história nele contigo. Continuo a não querer despedir-me de ti. Mas se por alguma razão superior ao que desejo, fores para longe (de mim), quero que saibas que me deste muito, um mundo novo no qual aprenderei a viver nele.
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