sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Bulling emocional


Nem sempre me conta o dia, o que se passou, o que viveu, o que sentiu. Já falei aqui várias vezes na teimosia que se lhe caracteriza no que concerne ao vestir não já?, são momentos de angústia para ambas. E quando temos uma criatura assim tão determinada no que quer usar e de repente pergunta se pode ir de calças de ganga (por ela era Verão o ano inteiro e andava sempre de leggins), algo se passa. Vê-se a braços com o facto de ser bonita (eu sou suspeita), corpo a ficar desenvolvido e ter a maior parte dos rapazinhos da sala de aula embasbacados por ela, se bem que o seu mais que tudo é o que lhe interessa manter debaixo de olho. As meninas, pelo menos duas, andam para ali roídas de inveja e como ela lhes retira o tempo de antena que gostariam também de usufruir, rebaixam, dizem patetices pegadas que nem elas sabem o verdadeiro significado, e ameaçam, fazem chantagem pegada sobre o que ela deve ou não vestir e que senão deixam de falar ou ser amigas. Como mãe, a minha vontade é de lhes pregar dois valentes par de estalos e charmar-lhes à razão (perdendo eu a minha) referindo-lhes que a imagem não é tudo. Vivemos num [acreditado?] mundo livre e usamos o que bem entendemos, neste caso eu, que lhe sou a responsável e entendo bem o que deve ou não levar para a escola vestido. Os amigos servem para apoiar, não para deitar abaixo, os amigos podem eventualmente dar a sua opinião, mas forçar a mudar a nossa opinião sobre nós mesmos, não lhes cabe o nome de amigo, mas sim de parasita. E como se faz por trabalhar a auto-estima e segurança interior de uma criatura que já vai para a escola de arrastão, mal humorada e super contrariada, e ainda tem de se confrontar com criaturas da mesma espécie que se roem de inveja e lhe dizem coisas feias, e a chantageiam em nome de uma fraquíssima amizade? Tenho pensado imenso sobre isto, principalmente porque ela anda angustiada com medo de se vestir como gosta e como se sente mais confortável e ser julgada. Apercebo (infelizmente) que desde pequenos começamos a trabalhar o julgar os outros pela roupa ou simples respirar, e vamos apurando esta perícia de sermos maus quando as coisas nos saem fora da nossa caixa e pequenez no sentir. O que eu gostava mesmo era de saber colocar stop neste filme, rebobinar a coisa e ver as criancinhas a aprender com os nossos exemplos a aceitarem o próximo tal como ele é, com ou sem inveja...ahhh pois é, os exemplos que lhes damos!...

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