sexta-feira, 10 de abril de 2015

A minha bebé




Tenho-te já saudades e ainda ontem encheste duas mãos de vida. Tenho saudades de te aninhar no meu colo e ficar horas perdida a ver-te dormir serena, ou a olhar o mundo como quem absorve o máximo que consegue. Saudades do sorriso que se transformava facilmente em gargalhada. Das repetidas vezes em que que me chamavas só para teres a certeza que a casa não estava entregue a ti. Do acordar matutino que me levava a uma loucura desconcertante e no qual mal dizia a minha sorte, soubesse eu a sorte maior que tinha nessa altura. Dos nossos momentos, sempre nossos. Dos passeios ao parque pela manhã e pela tarde. Dos jogos, pinturas, desenhos e histórias que te lia. Da meiguice que te vestia aquando te segurava junto a mim e sentíamos que uma era outra e vice versa. Das nossas idas ao supermercado onde sempre te soubeste comportar, talvez salvo uma ou outra situação. Do orgulho que trago em ser tua mãe. Mas o tempo voa, e continuas a crescer. Célere o tempo. Da bebé fácil e destemida, surge em ti uma rapariga mais tímida, mais contida e assustada, e da mesma forma que coube a mim enfrentar as dificuldades que vivemos quando nasceste e tiveste de usar aquele aparelho para a luxação congénita da anca, naquele momento em que nos mudámos e te fiz conhecer novas paragens, novas caras, novas paredes, cabe-me continuar a ajudar-te, a olhar para ti de dentro para fora e aprenderes a apreciar o teu melhor, melhorar os pontos menos favoráveis ao teu crescimento. Esse é o meu papel na tua vida, o de te ajudar e sempre com este amor que te tenho e sem o qual não sei viver. Hoje tenho saudades tuas, da bebé que já não mora aqui, que guardou lugar para a rapariga tagarela em que te vens a tornar.

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