
A piolha cá de casa anda numa fase terrível na luta diária contra os monstros. Não há uma única noite de há uns tempos a esta parte, que não acorde em sobressalto e me descreva de forma maravilhosamente pitoresca os ditos, que a olham com olhos enormes esbugalhados e verdes e mais ainda, a tocam ao de leve no ombro por trás levando-a ao pranto e ao meu neurónio mor, ao desespero.
Cheguei a implorar-lhe, numa destas noites, misericórdia, que me deixasse dormir nem que fosse hora e meia seguida, porque já não raciocinava de tantas vezes me levantar. Isto porque meti na cabeça que a rapariga tinha que conseguir controlar o seu medo. Enchi-me de paciência, acabada de ser abastecida na mercearia mais próxima, e expliquei-lhe que os monstros não existem de verdade. Ao fim de 3 horas nesta lengalenga, gritei que tinha acabado de dar o último tabefe no indulgente que se atrevia a incomodar a minha princesa, e terminei com um: "agora dorme por favor, que estou louca de cansaço..." e assim foi, não me lembro de mais nada pois devo ter apagado no terceiro suspiro.
Mas isto não aconteceu ontem não, aconteceu no mês passado. Hoje em dia já dorme minimamente, embora por vezes os visitantes do seu imaginário nos acordem pelo menos duas vezes por semana. Ando à espera que estes se lembrem de ir visitar outras paragens mais criativas, para que o meu sono, pele e sanidade mental recuperem a energia outra ora vigorantes.
Agora eu já não espero pela sexta-feira à noite para a saída, o belo do copo e do convívio entre amigos. Agora eu anseio desesperadamente pela sexta-feira à noite, para me deleitar no meu edredão e dormir...simplesmente dormir.
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