sexta-feira, 22 de maio de 2015

40 anos


Cheguei aos 40 anos de vida. Dia feliz e solarengo, rodeada de quem me aquece por dentro. Tenho vindo a fazer uma reflexão do que quero para mim daqui em diante, recordando o que já fiz, o que deixei por fazer, quem imaginava ser quando chegasse a esta escada da vida confrontada com quem sou no dia de hoje. Trago em mim sabedoria, cicatrizes que o tempo inevitavelmente causou, mas a destreza de cuidar delas com amor por mim que fui sabendo conquistar. Tem sido um caminho cheio de curvas e contra curvas, nada linear como achei que seria quando tinha 20 anos. Do que sonhei para mim na altura, e embora de forma diferente, sobra-me a filha que tive o privilégio de conceber e pôr no mundo, esperando que continue a fazer por dar ao mundo um espaço melhor para todos nós. Da menina tímida, medrosa com o mundo, com uma baixa estima por si própria, dá lugar uma mulher bonita, forte e guerreira que aprendeu a correr em busca do que acredita, sempre com o seu melhor sorriso ou gargalhada, de coração meigo abraçando os que sofrem e não demonstram, escutando todos e ensinando a verem o outro prisma da questão. Sempre. A imprevisibilidade da vida fez de mim uma pessoa apta à mudança, aliada à criatividade de combater adversidades. Mantenho o que me salva de muitos momentos pesados, o humor, e acima de tudo a esperança que o mau não pode durar sempre. Tenho sabido viver comigo e aprendi a saborear a companhia desta mulher que descubro interessante em muitas horas de um dia de 24 horas. Continuo refilona porque não tolero injustiça, mas até isso consegui perceber que só posso fazer por melhorar o que depende de mim. Reconheço maior tolerância, mas mais bravura, se bem que um toque de ingenuidade continua a caracterizar esta pessoa que se me apresenta nesta fase, mas não faz mal, não gosto de mim endurecida pela realidade, porque não ver a palete de cores mesmo com esta idade? Hoje sei quem vale a pena ter a meu lado, mesmo que não o esteja fisicamente. A não ter medo de amar, mesmo quando dói. A lutar pelo que acredito. A fazer por os meus dias continuarem a ter o sentido que necessito. Falta-me ainda aprender a deixar a cria seguir o seu caminho sem que o meu coração se esmigalhe vezes sem conta, lá chegarei (acho). Foi um dia bom. Com o carinho que preciso para continuar a ter a força de resistir a ventos e tormentas. A família continua a ser o meu núcleo, a de sangue e a de coração, a que fui escolhendo e a que me chegou há pouco e pela qual já nutro um amor de perdição. Os meus 40 anos receberam-me de sorriso desenhado, uma mulher forte e bonita (dizem).

Receita do bolo de laranja, cenoura e amêndoa aqui.